No ambiente militar, onde a disciplina e a hierarquia são os pilares fundamentais, há um elemento muitas vezes negligenciado, mas que possui um impacto profundo sobre o moral da tropa: a gratidão. A prática deste sentimento, que vai além de um simples gesto de cortesia, é essencial para o fortalecimento do espírito de corpo, da coesão e, em última análise, da eficácia das missões militares.
A importância da gratidão é bem ilustrada pelo pensamento de Gaston Courtois, que observou: “Há chefes que estão sempre prontos a intervir, quando se trata de censurar ou punir, mas que nunca encontram uma palavra de alento ou de gratidão, sob o pretexto de que realizando sua missão, os homens não fizeram mais que o dever.” Essa visão destaca uma realidade dura: o cumprimento do dever, especialmente em situações de grande pressão, é um desafio significativo, e os soldados, como qualquer ser humano, precisam sentir que seus esforços são reconhecidos e valorizados. Quando os líderes deixam de expressar gratidão e reconhecimento, correm o risco de esgotar o entusiasmo e a motivação de seus subordinados.
Estudos recentes reforçam essa perspectiva, mostrando que a gratidão tem um efeito positivo substancial sobre o bem-estar e o moral da tropa. A prática regular da gratidão, conforme apontam as pesquisas, está associada à redução do estresse, aumento da felicidade e fortalecimento das relações interpessoais. Essas são qualidades essenciais em um ambiente tão exigente quanto o militar, onde o moral elevado pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso em uma missão.
O moral da tropa, definida como o ânimo ou estado de espírito coletivo e a coesão dos militares, é diretamente influenciado pela forma como os líderes interagem com seus comandados. Courtois argumenta que “nada consome tanto o entusiasmo de um homem como o sentimento de que chefes são indiferentes às suas provas, às alegrias e ao seu trabalho.” Quando os líderes demonstram gratidão e reconhecimento, eles não só reforçam a confiança dos soldados em seu comando, mas também encorajam o prosseguimento com determinação e energia renovada.
No contexto histórico brasileiro, a figura do Duque de Caxias exemplifica o poder de uma liderança que valoriza a gratidão. Caxias, conhecido por seu respeito e lealdade para com seus comandados, foi capaz de inspirar suas tropas em momentos críticos, reconhecendo e valorizando o sacrifício de seus homens. Essa postura lhe rendeu a gratidão eterna do povo brasileiro, que o celebra como o patrono do Exército Brasileiro. O cumprimento do dever, apesar de esperado, não é uma tarefa fácil. O reconhecimento sincero pode ser um poderoso estímulo para o moral e o desempenho da equipe.
Assim, integrar a gratidão no dia a dia do ambiente militar não é apenas um gesto de gentileza, mas uma estratégia essencial para manter o moral da tropa elevado. Ao mostrar simpatia e valorizar o trabalho de seus subordinados, os líderes militares fortalecem a coesão, promovem o bem-estar e garantem que seus homens e mulheres estejam sempre prontos para enfrentar os desafios com confiança e determinação. Em última análise, uma liderança que reconhece e aprecia seus comandados está investindo no sucesso de suas missões e na perpetuação do legado de figuras como o Duque de Caxias, que compreendeu o valor da gratidão como uma ferramenta de liderança poderosa.
SAREX: PROMOVENDO FÉ E ESPIRITUALIDADE NA DIMENSÃO HUMANA DA FORÇA
Pr. Émerson Couto Profírio – Cap
Capelão Militar da AMAN
Leia a notícia na fonte: Academia Militar das Agulhas Negras
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